Fisiolar

Quando a comunicação é um problema

Sexta-feira, 29 Abril, 2022

O João é dono de uma papelaria, por ele passam diariamente muitas pessoas. Como a Maria que tem 12 anos e gosta de comprar gomas quando sai da escola ou o Rui que tem 77 anos e vai todos os dias comprar o jornal.

O João sabe que é importante deixar que a Maria termine as frases e que não deve estar à frente das gomas quando ela está a escolher. A surdez da Maria tem impacto na sua comunicação com os outros, tal como “a surdez” do João teria se ele não facilitasse a comunicação.

Quando o Rui entra na loja vai logo buscar o jornal, ele gosta de conversar sobre as notícias da capa com o João. O Rui anda sempre com um bloco para se explicar melhor, hoje desenhou uma bola de futebol e o primeiro lugar, o clube do Rui ganhou e conversaram sobre as últimas contratações que o João ia apontando nas imagens do jornal. A afasia do Rui tem impacto na sua comunicação com os outros, tal como “a afasia” do João teria se ele não facilitasse a comunicação.

O João sabe que estar mais atento à forma de comunicar com os clientes que têm perturbações da comunicação faz a diferença.

As perturbações da comunicação podem ocorrer em todas idades durante o seu desenvolvimento (ex: perturbações do espectro do autismo, paralisia cerebral, perturbações de linguagem, surdez) ou adquiridas (afasia, disartria) por algum evento (AVC, TCE, traumatismo craneoencefálico).

Quando a comunicação é um problema?

Para a comunicação ocorrer são necessárias duas pessoas, que nem sempre têm a mesma forma de comunicação. Assim, para que se torne um momento prazeroso fluente e o mais eficaz possível, é necessária a adaptação das duas pessoas. Quantas mais ferramentas cada um de nós tiver ao seu dispor para se conseguir adaptar, melhor e mais natural será esse momento.

O que posso utilizar para facilitar a comunicação (caso seja necessário)?

  • Estar disponível para ouvir e observar o que nos pode dar informação sobre o outro, seja expressões faciais, gestos, postura corporal, palavras;
  • Passar uma mensagem clara e simples (com recurso a gestos imagens ou palavras escritas), se notar que o parceiro de comunicação pode ter alguma dificuldade em descodificar a mensagem);
  • Ter atenção à forma como falo (entoação, volume e velocidade de discurso);
  • Dar tempo de resposta ao outro e incentivar que o outro se expresse de outras formas se a fala for mais difícil (por ex.: gestos, desenhos, palavra escrita);
  • Facilitar a resposta do outro através de perguntas sim\não;
  • Verificar que entendemos a mensagem que o parceiro transmitiu;
  • Não desistir de o tentar entender;

O que fazer?

Quando são identificados alguns sinais, o recomendado é que a criança/jovem/adulto seja avaliada/o assim que possível, nomeadamente no que diz respeito às necessidades intrínsecas a cada situação/contexto.

O ideal será que a avaliação seja levada a cabo por uma equipa multidisciplinar (psicólogo, terapeuta ocupacional, terapeuta da fala), nomeadamente, no caso de se tratar de uma criança. A avaliação por parte da equipa multidisciplinar tem como objetivos promover e/ou melhorar a autonomia e as capacidades daquela pessoa, bem como a sua participação e envolvimento nas atividades de vida diária e apoiar a família na resposta às suas preocupações e necessidades.

Tudo fica mais fácil quando todos se esforçam para facilitar a comunicação, mesmo que não seja tão rápido ou fluente ou da forma mais habitual. Sabermos o que podemos fazer para facilitar já é um bom princípio.

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Tatiana Filipa Lopes Freitas

Terapeuta da Fala da Fisiolar, licenciada pela Escola de Saúde de Alcoitão e Pós-Graduada em Motricidade Orofacial pelo Instituto Ensino Profissional Avançado e Pós-Graduado. Trabalha com adultos e crianças com perturbações em diferentes áreas de intervenção: comunicação, linguagem oral e escrita, fala, motricidade orofacial e deglutição.

Porquê deslocar-se, se vamos ter consigo?

Uma experiência verdadeiramente conveniente e diferenciadora.
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