Fisiolar

Quero família para não estar só?

Sexta-feira, 6 Maio, 2022

Numa época de celebrações e de perspetiva de férias, já estamos a fazer planos. Vou estar só? Para onde vou? Quanto me vai custar? Se tiver família, estas dúvidas podem aumentar… Posso pagar ferias? Quantos dias? 

A família sabemos ser uma das grandes bases da vida. É o primeiro grupo a que uma criança sente que pertence, servindo como fundação para outras relações futuras. Num tempo em que temos tanta liberdade de escolher quem queremos ao nosso lado, sentimo-nos mais perdidos que nunca… Quem diria?

Quando surgem problemas entre as pessoas de uma família, torna-se complicado resolver pois, para mim, tem de ser mexer com a imagem com que cada um está confortável e com uma realidade encoberta, apesar de dolorosa. Nem sempre estamos dispostos a mudar o que nos causa dor, se temos medo do desconhecido… Ainda mais se sempre nos foi dito que “assuntos de família ficam entre 4 paredes” ou “entre marido e mulher não se mete a colher”.

Será o ideal o que acontece com todas as famílias?

Numa situação pós confinamento, em que pais e filhos estiveram muitas horas juntos e agora se deparam com pouquíssimas conversas, sentem-se pressionados pela felicidade dos outros nas redes sociais, em como fizeram coisas com significado, renovaram a casa, ajudaram nos estudos… Parece quase impossível, como??

Isto fá-lo sentir pior como pai ou mãe? Não existe manual de como ter uma família saudável, pois não há receita para todos… Se sente que recorre a alguém para culpar ou se sente que o culpam a si, pode ser sinal de alerta. Ou se por outro lado, sente que existe um salvador na sua família, alguém a quem se recorre para resolver tudo… Parece-lhe ótimo? Mas e se, num certo momento, essa pessoa comete algum erro ou decide de forma a que não corra tão bem… Depressa pode passar de salvador a ovelha negra…

Será que é justo atribuirmos a alguém o papel de “ovelha negra” ou “único modelo a seguir”? Será problema desejar ter tempo para si? Querer ser alguém mais alem do que somente pai ou mãe? Querer ser o António, que por acaso também é funcionário, que também é pai, que também é casado e que também é filho e tem pais para cuidar?

Caso da Família do António

Antes de terminar, vou-lhe deixar um caso para refletir, o caso da família do António, personagem fictícia. Tem 2 filhos, os pais ainda vivos, um emprego do qual não gosta e o crédito da casa para pagar. Não gosta de mostrar esta imagem, pois faz o esforço de manter uma imagem para os vizinhos, a família e nas redes sociais, impecável. Apesar disso, o que ele próprio se tem questionado, só em pensamentos, é se é a vida que imaginou… 

O filho que quase não conhece, quando lhe perguntaram outro dia, do que gostava… A filha que não ouve, sem ser a queixar-se do irmão e a comparar-se que faz muito melhor que ele. A ex mulher que o reduz a um homem sem valor… E os pais que necessitam da ajuda física do António, por já terem mais de 90 anos e ainda assim, o culparem quando ele está cansado e o acusarem de não devolver o que eles fizeram por ele quando o educaram.

Se se identificou ou conhece alguém cuja vida é semelhante a esta, com estes elos familiares causadores de desconforto, a terapia familiar pode ser uma saída do túnel sem luz… É um contexto em que se sofre para encontrar respostas, que nos libertam. Quem não quer atingir liberdade e paz mental? Não é por acaso que é um dos desejos que mais se pedem no Ano Novo. Se a renovação é o que necessita da sua vida, pode estar a descobrir uma resposta.

Reflexão até ao próximo artigo

Alguns dos principais objetivos da família é ensinar a estar com os outros mas também consigo próprio. Precisamos de ser pessoas individuais e de bem connosco para termos famílias que crescem.

Até lá conto consigo com uma mão no coração e um pé preparado para a ação. 

Picture of 	 Lúcia Vanessa Craveiro Menezes Pereira Tavora

Lúcia Vanessa Craveiro Menezes Pereira Tavora

Psicóloga Clínica e da Saúde na Fisiolar, Neuropsicóloga, Fundadora The Pineapple Mind, Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela Universidade Fernando Pessoa (2020), Pós Graduação em Neuropsicologia Clínica.

Porquê deslocar-se, se vamos ter consigo?

Uma experiência verdadeiramente conveniente e diferenciadora.
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