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Terapia Ocupacional na Doença Neurológica

Sexta-feira, 22 Julho, 2022

O cérebro, cujo Dia Mundial se assinala a 22 de julho, é o maestro que comanda toda a orquestra que é o nosso corpo. Nem sempre lhe damos atenção, mas estamos sempre a fazer uso dele, mesmo enquanto dormimos. Por vezes podemos e devemos procurar ajuda junto de Terapia Ocupacional para manter a funcionalidade.

À primeira vista, com a sua dimensão modesta e a superfície acinzentada, o cérebro não é o órgão mais cativante, mas é como aquele slogan antigo nos diz: “o mais importante é a beleza interior”. Até porque consta que o cérebro humano integra cerca de 80 bilhões de neurónios, que em distância se assemelha a quatro voltas seguidas ao redor da Terra, e que estes em conjunto permitem estar constantemente a trocar informações com o corpo e o mundo à sua volta.

Pelo mencionado acima, ainda que falte notoriamente uma infinidade para ser dito, este órgão não poderia deixar de ser assinalado nos nossos calendários. O Dia Mundial do Cérebro acontece desde 2014, com o objetivo de destacar o papel do cérebro na nossa vida, assim como o papel que cada um de nós representa nele (individual e não só!) e potenciar a evolução da ciência neste âmbito. Desde então, a cada ano que passa, surge um tema novo. “Saúde do Cérebro para Todos” é o tema de 2022 que evoca a partilha de informações fundamentais acerca de consciencialização, prevenção, advocacia, educação e acesso. Na medida que a promoção da saúde do cérebro em larga escala sobre o impacto das doenças do cérebro pode mudar bilhões de vidas para melhor.

E porquê focar nas doenças do cérebro, perguntar-se-á?

São uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. Nesta categoria enquadra-se o Acidente Vascular Encefálico, a Demência, a Doença de Parkinson, a Esclerose Múltipla, entre muitas outras. Estas doenças podem levar a uma incapacidade (parcial/total) do desempenho em qualquer tipo de atividade quotidiana, bem como implicar mudanças profundas no dia a dos doentes e diminuir significativamente a qualidade de vida.

E qual a profissão que se preocupa quando as pessoas não realizam as atividades do seu dia a dia?

Nada mais, nada menos que a Terapia Ocupacional. Trata-se de uma profissão na área da saúde que se centra na participação das pessoas nas suas atividades do quotidiano, desde as mais simples às mais complexas, em diferentes contextos. A sua abordagem foca-se na prevenção, capacitação e modificação, com vista a manter ou ampliar a autonomia, independência e/ou funcionalidade, contribuindo para a saúde e qualidade de vida da pessoa e das pessoas que a rodeiam.

Nada como uns exemplos para perceber melhor:

  • Utente com diagnóstico de Acidente Vascular Encefálico menciona dificuldades em vestir-se devido ao braço lesado. A Terapia Ocupacional poderia fazer o treino de Atividades de Vida Diária, focado no vestir/despir, fornecendo técnicas e/ou estratégias (p.e. vestir primeiro o lado afetado), sugerir produtos de apoio (p.e. aperta botões com uma mão), sugerir a confeção de órtotese para manter o braço numa posição natural;
  • Utente com diagnóstico de Doença de Alzheimer, com défice cognitivo ligeiro, menciona que nem sempre toma a medicação como deveria por esquecimento. A Terapia Ocupacional poderia contribuir para a gestão da toma da medicação com a criação de uma tabela com informação da medicação, treino de porta comprimidos, sugerir uso de lembretes e despertadores no telemóvel e/ou uso de lembretes visuais de fácil acesso. Assim como intervir com estimulação cognitiva para preservação da memória.
  • Utente com diagnóstico de Esclerose Múltipla destaca a fadiga como impedimento da realização das atividades diárias, em especial a higiene pessoal. A Terapia Ocupacional poderia contribuir para o controlo da fadiga estabelecendo um esquema diário de atividades, transmitindo estratégias de conservação de energia (p.e. toma de banho num banco/cadeira apropriada, uso de esponja de cabo longo, secar-se na posição sentada com um roupão vestido) ou recomendar adaptações do espaço (p.e. implementação de barras de apoio e integração de cadeira giratória para banheira).

A saúde do cérebro está, em grande parte, nas nossas mãos. Não é novidade que uma rotina saudável – alimentação equilibrada, exercício físico e mental, socialização, descanso e exposição ambiental adequados – são fundamentais para manter a saúde mental e prevenir doenças relacionadas. No entanto, quando a nossa atividade, participação e funcionalidade estão em risco, podemos e devemos procurar ajuda, junto de quem intervém nesta área, um Terapeuta Ocupacional.

Leia também o artigo sobre Avaliação Neuropsicológica.

Joana Martins

Joana Martins

Terapeuta Ocupacional, licenciada pela Escola de Superior de Saúde de Leiria. Trabalha com adultos e Idosos, em ambiente de residência e hospitalar, com perturbações em diferentes áreas de intervenção: treino de atividades de vida diária, estimulação cognitiva, manutenção da funcionalidade da pessoa, adaptação e aconselhamento de produtos de apoio.

Porquê deslocar-se, se vamos ter consigo?

Uma experiência verdadeiramente conveniente e diferenciadora.
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