Um diagnóstico de uma qualquer doença oncológica chega sempre de forma avassaladora, sendo que a primeira necessidade é estabelecer um plano de intervenção precoce de tratamento. Tão importante como o tratamento para a doença é o acompanhamento da mulher que passa por um diagnóstico de cancro da mama.
Convidámos a Psicóloga Bárbara Sebastião a responder a algumas questões.
Quais são as vantagens em iniciar o acompanhamento psicológico o mais cedo possível?
É importante um acompanhamento psicológico precoce da mulher com cancro de mama, no sentido em que esta tem desde cedo apoio nas várias fases da aceitação da doença e que são semelhantes às do luto. A mulher questiona o porquê de lhe ter acontecido a doença, revolta-se e conforma-se, aceitando o diagnóstico. Por vezes sente essas emoções todas no mesmo dia, resultando num grande desgaste emocional.
Em que consiste este acompanhamento?
O apoio psicológico é importante pois muitas mulheres sentem necessidade de desabafar as suas frustrações e dores e não querem ao mesmo tempo preocupar os seus familiares, que estão também a passar pelo mesmo processo, se bem que a nível indireto. Assim, tem alguém com quem partilhar as suas angústias, raiva e frustração.
É também muito importante na restauração da autoestima, sobretudo na fase onde pode haver queda do cabelo ou a perda de um peito. É muito difícil haver uma aceitação do novo eu quando existem alterações físicas também.
Quando o médico informa uma paciente sobre o tempo que lhe resta de vida, o que pode a intervenção psicológica trazer de positivo?
O psicólogo acompanha todo o processo de noção de finitude, aceitação e resignação do fim da vida.
Perspetiva-se o que há ainda a realizar e a estabelecer prioridades com o que realmente interessa.
É sempre muito ingrato dar um prazo pois este raramente se concretiza, quer por defeito, quer por excesso, o que traz mais ansiedade e muitas vezes leva a uma total perda de esperança e conduz a um desfecho de desistência que pode ser fatal.
Quando o cancro é dado como "curado" a intervenção deve ser suspensa?
Sempre que a mulher se sinta bem, tenha uma estabilidade emocional e se encontre sem trauma, pode suspender a intervenção psicológica. É importante aprender a viver sem o medo de uma recaída ou pelo menos que este medo não lhe provoque ansiedade excessiva.
E os familiares devem ser acompanhados?
Os familiares devem ser acompanhados sempre que assim o necessitem, quer seja para si mesmos, com o intuito de desabafar ou até na forma de lidar com os familiares com cancro, de uma forma mais correta.
De que forma os familiares ou amigos podem incentivar uma doente que está resistente ao acompanhamento psicológico a mudar de ideias, existem estratégias que possam aplicar?