Não sendo sinónimo de doença, a velhice acarreta o aumento dos riscos de perda de capacidade funcional e, consequentemente, de qualidade de vida, devido às alterações provocadas pelo envelhecimento, um processo progressivo durante o qual ocorre um declínio das funções fisiológicas, morfológicas e bioquímicas. Algumas alterações consistem na redução do consumo de oxigénio, diminuição da quantidade de água, concentração de gordura, perda da elasticidade do tecido conjuntivo e fraqueza muscular.
Na maior parte das vezes associamos a necessidade de fazer fisioterapia a uma lesão, ou a uma doença e está tudo certo, sobretudo quando estamos a falar de faixas etárias em que não existem outras necessidades específicas. Mas quando falamos da terceira idade não tem necessariamente de ser assim, porque pese embora seja maior a probabilidade de existirem patologias associadas que tenham indicação para fazer fisioterapia, existem por si só um conjunto de características desta faixa etária que podem beneficiar, e muito, da realização de fisioterapia.
A fisioterapia nesta população tem como objetivo principal a independência da pessoa na realização das chamadas atividades da vida diária, através da redução das consequências fisiológicas e patológicas do envelhecimento, na expectativa de assegurar a melhoria da mobilidade, contribuindo para uma qualidade de vida satisfatória.
À medida que as pessoas envelhecem, a mobilidade pode diminuir, seja devido a questões fisiológicas ou a outras condições como a artrite ou a osteoporose e a fisioterapia ajuda a manter e melhorar a mobilidade, permitindo que estas pessoas permaneçam mais ativas e independentes.
Muitos idosos sofrem de dores crónicas, como dor nas costas, nas articulações ou dores musculares e a fisioterapia pode ajudar a reduzir a dor através de técnicas de terapia manual e de exercícios. Nos idosos que passam por cirurgias, como por exemplo as próteses da anca e do joelho, a fisioterapia desempenha um papel fundamental na reabilitação, ajudando a restaurar a função e a mobilidade após a cirurgia. A fisioterapia é também eficaz no acompanhamento de doenças crónicas, como por exemplo a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) ou a doença de Parkinson, ajudando a gerir essas condições e a melhorar a funcionalidade.
As quedas também são uma das principais preocupações na terceira idade, devido às consequências que têm. Uma queda aumenta o risco de lesões e fraturas nesta população e tanto a morbilidade como a mortalidade aumentam significativamente nos meses após uma queda, por isso a sua prevenção é muito importante. As quedas são mais frequentes na 3ª idade devido à redução da força muscular, do equilíbrio, da função proprioceptiva, da audição e da visão e a fisioterapia pode ajudar a melhorar tanto a força, como o equilíbrio e a coordenação, reduzindo assim o risco de quedas.
A Organização Mundial de Saúde preconiza o envelhecimento ativo e a Fisioterapia, cuja área de estudo é o movimento humano, está numa posição ideal para, com o seu corpo de conhecimento, atuar promovendo a saúde da pessoa idosa, ajudando-a a manter a independência, a melhorar a qualidade de vida e a lidar com as complexidades do processo de envelhecimento.
Fisioterapeuta da Fisiolar, licenciada em Fisioterapia pela Escola Superior de Saúde de Setúbal em 2004, Mestre na especialidade de Ciências da Fisioterapia pela Faculdade de Motricidade Humana em 2009 e Master em Técnicas Osteopáticas do Aparelho Locomotor pela Escuela de Osteopatia de Madrid em 2010.
As quedas estão identificadas como um dos principais fatores de dependência na terceira idade e um dos fatores de risco para a mortalidade da pessoa idosa. É por isso de extrema importância a prevenção diária de quedas nesta população, especialmente no Outono/Inverno.
