O Envelhecimento da População e o Papel da Fisioterapia
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Em Portugal, o aumento da esperança média de vida à nascença, de 70,5 anos na população masculina e de 77,5 anos na população feminina em 1990/1991, para 71,4 anos e 78,7 anos, respetivamente, em 1996/1997, assim como o forte declínio das taxas de mortalidade infantil, de 10,9% em 1990, para 6,4% em 1997, são os aspetos mais relevantes nos campos da longevidade e mortalidade das presentes décadas, aspetos estes que ilustram o impacto do envelhecimento da população no nosso país (Patrício e Carrilho, 2002).
O fenómeno do duplo envelhecimento demográfico, no topo e na base da pirâmide das idades, ou seja, o aumento da esperança média de vida e a diminuição da mortalidade infantil, têm-se acentuado em Portugal, podendo mesmo já afirmar-se que a situação demográfica no nosso país é grave em alguns concelhos, sobretudo no interior do país (Patrício e Carrilho, 2002).
A continuação das atuais tendências das variáveis demográficas pode significar que a população jovem continuará a diminuir e que a população idosa continuará a crescer, o que pode provocar, a médio prazo, o declínio da população ativa, facto este que poderá ter consequências económicas e sociais subjacentes (Patrício e Carrilho, 2002).
Estes factos podem levar à interpretação de que poderá haver a necessidade de existir uma preocupação constante, especificamente por parte dos serviços de saúde, com a prestação de cuidados de saúde à população idosa, com o objetivo de responder às suas necessidades específicas, nomeadamente no que respeita à sua funcionalidade, autonomia, independência e qualidade de vida.
O papel da Fisioterapia no envelhecimento da população
A prestação de cuidados de fisioterapia pode ser extremamente importante no aumento, ou pelo menos na manutenção, da funcionalidade dos idosos e consequentemente beneficiar a autonomia, independência e qualidade de vida desta população (American Geratrics Society et al, 2001).
Como fisioterapeuta trabalho bastante na área geriátrica e revejo na prática a importância daquilo que a literatura nos indica. Há infelizmente pessoas que não compreendem a importância de se investir na reabilitação dos idosos, pura e simplesmente por serem isso mesmo, idosos. Há também aqueles que compreendendo, por questões quase sempre financeiras optam por negligencia-la. A experiência tem-me revelado sobretudo o outro lado, daqueles que compreendem a importância de trabalhar com esta população, investir nela, proporcionar-lhe tudo o que está ao alcance para prolongar o mais possível a sua funcionalidade, autonomia e qualidade de vida. É um trabalho recompensador, para nós que damos o nosso melhor nesse sentido, para os responsáveis (família/ cuidadores) que sentem que estão a fazer o melhor e para os pacientes, que sentem os resultados.
Alexandra Lopes
Fisioterapeuta da Fisiolar, licenciada em Fisioterapia pela Escola Superior de Saúde de Setúbal em 2004, Mestre na especialidade de Ciências da Fisioterapia pela Faculdade de Motricidade Humana em 2009 e Master em Técnicas Osteopáticas do Aparelho Locomotor pela Escuela de Osteopatia de Madrid em 2010.